quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Trazendo bons ares de Buenos Aires.


    Assumindo o cargo de correspondente internacional do PIVO!, fui passar o carnaval na Argentina e isso não é uma missão fácil para nenhum carioca acostumado com aquelas milhares de cores que se misturam e mudam o cenário da cidade maravilhosa nessa época do ano!
    Tá, assumo, ninguém me promoveu a nada e eu fui por livre e espontânea vontade passar um feriado calmo com a família em uma Buenos Aires onde a bagunça carnavalesca fez falta.
   Nunca fui muito de carnaval e sempre tentei fugir dessa festividade, acontece que estar tão perto , mas tão longe , do tradicional evento, me fez refletir sobre a cultura do nosso pais e a relação com nossos vizinhos. É difícil entender como o vento frio da Argentina chega aqui com tanta facilidade mas, o calor brasileiro e toda essa euforia colorida, fica mesmo pelas fronteiras. Na terra do tango, ninguém queria sambar e a cidade, no final do feriado, não tinha nenhum confete espalhado pelo chão.
    Foi ai que eu resolvi tirar o meu pensamento do óbvio samba-tango e achei que estava na hora de visitar o museu de arte latinoamericana de Buenos Aires (MALBA). Pronto, achei todas as cores, naquele prédio com área de 8000 m2, projetado pelos arquitetos argentinos Gastón Alemán, Martín Fourcade e Alfredo Tapia. O museu é lindo por dentro, por fora e ainda mais no seu conteúdo.
    Depois de passar pela belíssima exposição de Carlos Cruz-Diez: a cor no espaço e no tempo, passeei entre obras de Antonio Berni, Frida Kahlo, Wilfredo Lam e Diego Rivera , encontrei ainda Abaporu da Tarsila do Amaral que me deixou estática por alguns longos minutos, Candido Portinari, Di Cavalcanti, e muitos outros artistas latinos. Uma das mesas expositoras misturava obras de Helio Oticica e Lygia Clark o que me transportou por alguns instantes para o ainda nao visitado, mas já adorado INHOTIM. 

Abaporu- Tarsila do Amaral,1928. Óleo sobre tela. 85 x 73cm

    O MALBA valeu a visita na capital dos hermanos, matou toda a minha vontade de cores e me fez sentir muito orgulho de ser brasileira e mais ainda de fazer parte dessa rica cultura latina. Devo parabenizar nossos vizinhos e principalmente Eduardo Constantini, fundador do museu que alem do belo acervo dispõe de um cinema de arte, um restaurante movimentado e uma grande loja, que vende objetos e acessórios de designers locais.

    Site do museu: http://www.malba.org.ar/web/home.php

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Terráqueos

  "Os Nubas do sudeste, habitantes da província sudanesa de Kordofan, desenvolveram uma tradição artística singular que se expressa pelo próprio corpo, uma forma de arte em que o meio é verdadeiramente a mensagem. O objetivo dessa estética é celebrar e realçar a força e a saúde do corpo mediante a aplicação de motivos não simbólicos altamente estilizados. Assim, apenas um lutador vitorioso em um combate com pulseira faca tem o direito de raspar no cabelo duas faixas em forma de cunha, criando um penteado cônico entre as têmporas e a nuca."


  O povo indígena tem essa vantagem: eles são muito fieis a sua própria natureza. Se querem comunicar coisas através da indumentária, fazem isso assumidamente.

  Nós, o povo urbano, preferimos a dissimulação e o Renew da Avon. Usamos terno aos 40graus e sapato de salto pra pegar ônibus.

  Mas, sinceramente, acho os dois igualmente naturais.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Pela lei natural dos encontros eu deixo e recebo um tanto."

  
  Pousei em São Paulo e essa nuvem cinza que sobrevoa constantemente a cidade parece ter abafado até os meus pensamentos e agora é hora da chuva cair.

  Metáforas a parte, deixa eu explicar: acabei de viver um dos meses mais incríveis da minha história. Fui visitar uma amiga que mora em San Diego - Califórnia e nós passamos duas semaninhas mágicas em Oahu - Hawaii.  Conheci pessoas de todos os cantos do planeta, encontrei amigos que não via há anos, conheci lugares mágicos e visitei outros que são verdadeiras paixões antigas. Sei que não estou escrevendo o meu diário mas, preciso compartilhar com o mundo cada micro inspiração que eu trouxe comigo na bagagem. É difícil assimilar tudo isso e resumir em um post sem ele ficar absurdamente longo e chato. Então, deixo com vocês alguns momentos congelados! INSPIREM -SE!






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  Agora um momento altamente PIVO!: eu fui parar em Los Angeles!

  Subi montanha para ver de pertinho a placa de Hollywood, a cada dia uma nova praia, todas com pôr do sol cinematográficos, pisei na calçada da fama, andei por ruas que serviram de cenários para milhares de filmes e, como não poderia deixar de ser, dei uma fuxicada nos estúdios da Universal.

  E foi a maior produtora de cinema do planeta que me causou grande euforia. Tanta que mal consigo descrever a sensação que foi ver a pouquíssimos metros de distancia o Motel de Psicose e passar por praças e portinhas tão famosas de milhares de filmes que tanto gosto! Por falar em portinhas, muitas delas são de alturas menores do que deveriam para fazer com que os atores pareçam mais altos!

  O tour é uma das atrações do parque de diversões e vale por si só o preço do ingresso. Ele nos leva da Europa para o Velho Oeste em poucos minutos e ainda passa por incontáveis estúdios gigantescos onde são gravados os mais diversos filmes.

  O mais incrível é observar e reconhecer os mesmos cenários em filmes tão diferentes! As cidades cinematográficas são mutáveis e transcendem tempo e espaço. Vai ser difícil para vocês assimilarem isso, mas eu garanto pois vi com meus próprios olhos, e o cenário de Frankstein é exatamente o mesmo que serviu para as gravações de Piratas do Caribe.

  A cidade de Jaws está lá também e segundo o guia, Spielberg teve sérios problemas com o funcionamento do tubarão mecânico que quebrava toda hora por isso manteve Bruce fora de vista e ainda se aproveitou da situação para dizer que o que não se vê é mais assustador!

  Fora as cidades cinematográficas e os gigantescos estúdios vi por lá um chromakey gigantesco, escritórios de roteiristas, estúdios de som e camarins dos atores.  Red Hot já cantou e eu confirmo: O espaço pode ser a fronteira final mas é feito num porão de Hollywood ("Space may be the final frontier/ But it's made in a Hollywood basement" Californication)!



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Os Altruístas: reflexões de uma tragicomédia.


“Se você não puder livrar-se de si mesmo, deleita-se devorando-se” (Antonin Artaud)

Elenco: Stella Rabello, Miguel Thiré, Mariana Ximenes, Jonathan Haagensen e Kiko Mascarenhas. (Foto: Marcelo Krasilcic)

   Egoísmo disfarçado de altruísmo. Por trás de uma imagem de seres politicamente corretos, esconde-se o pote mais ácido do individualismo camuflado em meio a atitudes pseudo-filantrópicas e sorrisos amarelos.

  A fragilidade do ser humano exposta de forma rigorosa e irônica. E entre risadas e espantos, a veracidade da peça seduz e faz pensar.

  É interessante quando uma expressão artística te tira do habitual ponto de conforto e te confronta, fazendo com que a cada frase dita você consiga refletir sobre atitudes da sociedade para as quais muitas vezes desviamos o olhar. E é neste momento em que somos atingidos psicologicamente e escandalosamente pelas subversões e neuroses das personagens, torna-se fácil reconhecer a real qualidade desta obra.

  A cenografia a meu ver faz-se completamente adequada. Todas as personagens se mantêm em cena, mesmo quando não estão contracenando, e assim tornam-se parte daquele ambiente. Como se, assim como na vida real, o que separasse e distanciasse as pessoas, fossem estigmas construídos por elas mesmas.

(Foto: Divulgação)
  
  A peça de Nicky Silver, dirigida por Guilherme Weber, esteve por São Paulo em curta temporada que foi de setembro a dezembro de 2011, e a partir do dia 13 de janeiro estreia no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Uma boa oportunidade para assistir à peça e ainda curtir o visual da Cidade Maravilhosa!