Na noite de sexta fui assistir A pele que habito, o novo filme do
Almodóvar, e estou até agora confusa sobre o que achei a respeito. Posso dizer
de cara que vi um novo lado do diretor, um lado mais sóbrio e cientifico. Sem
dúvidas um filme mais amadurecido do meu querido espanhol, o que me deixa
confusa. Bem confusa.
Tudo bem, compreendo que o amadurecimento é
natural e com isso as mudanças são inevitáveis e assumo que o diretor continua
fiel a sua essência e coerente com toda a sua filmografia o que não me deixa
dizer que não gostei do filme mas, pela primeira vez não sai do cinema pensando
"Que demais !" dessa vez pensei "Que filme estranho!". E
ai, palmas para Pedro Almodóvar que provavelmente não gostaria se eu pensasse
"Que demais!" sobre esse filme.
Estou a mais de um dia refletindo sobre cenas
e relembrando fotogramas que mais parecem pinturas e só uma coisa me vem à
cabeça, que filme estranho e sóbrio. Que filme estranhamente sóbrio! O mais
estranho é que Almodóvar colocou toda sua estética lá, todos os seus clichês
que eu tanto gosto. A Espanha, as cores
e músicas, o mundo feminino apresentado com tamanha excelência, a mistura de gêneros,
talvez até um gênero novo. Estava tudo lá, explodindo em uma mistura que Pedro
fez, mais uma vez, sem medo mas, estava tudo sóbrio demais. Seu vermelho apresentado
em tons mais fechados, branco por tudo quanto é lado e muita cor de PELE. Um minimalismo impróprio.
Sei que fiquei completamente em choque pelo
que assisti na noite passada. Uma versão espanhola de Frankenstein no século XXI. Pois é, parece não combinar
muito mas, deu certo. Estranhamente certo. Toda aquela história maluca de um
cirurgião cientista que faz experimentos com a pele humana dentro de sua
própria casa, (uma grande mansão quase inabitada se não fosse por ele, sua funcionaria
e seu objeto de estudo.) me fez pensar o dia inteiro e pensar o dia inteiro,
parece ser o objetivo máximo do diretor.
Almodóvar, a cada filme, nos instiga a refletir
sobre os valores do mundo atual. Se pensarmos bem, a partir dessa trama que
envolve vingança, amor, loucura, roubo, ciência, inovações, mortes e estupros, ele nos orienta a uma tarefa, a de olhar para dentro de nós mesmos e refletirmos
sobre quem somos além da nossa pele. Além do que se pode mostrar fisicamente criando
julgamentos para situações amorais, bem amorais, apresentadas longe dos maniqueísmos
e juízos da sociedade em A pele que habito.
vou indo.... assistir.
ResponderExcluirAdorei a reflexão. Concordo que é minimalista ao extremo para Almodóvar. Mas adorei o filme.
ResponderExcluirtranscreveu perfeitamente minha sensaççao pos filme! curti!
ResponderExcluirRe, pelo jeito, não foi só Almodóvar que amadureceu sua obra... Seu texto, suas ideias e criticidade juntaram-se à sua conhecida sensibilidade de menina de cinema, ampliando nossa percepção do filme. Parabéns pra vc e Pedro Almodóvar. Qt ao minimalismo nas cores, acho desta vez o monstrinho se superou... Conseguiu um tema suficientemente chocante para ainda abusar dos costumeiros vermelhos!!... Beijo, amei!
ResponderExcluirVou assistir urgente. Já estava com vontade, agora, estou doido!!!
ResponderExcluirFaltou comentar que a proposta do filme nos faz pensar se o exterior das pessoas, no caso, a pele, define quem somos. Ele transformou um ser humano, que continuou sendo ele mesmo na essência: não se entregou - mas na última cena, ao entrar na loja da mãe ela dá uma paradinha na porta para admirar um vestido VERMELHO. homem/mulher, superfície/interior... é muita coisa para se pensar!
ResponderExcluirAdorei os comentarios! Quem nao assistiu o filme, assista e me conta depois o que achou !
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