segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Sorriso de Serapião - Figurinos


  O trabalho a seguir, foi apresentado à Professora Mestra Rosane Muniz para a disciplina de Pós-graduação “Figurinos pra a Tv e Publicidade” no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Este é o primeiro de uma série de trabalhos que produzimos em conjunto e iremos divulgar aqui no “PIVO!”.

A Proposta


  Cada grupo deveria escolher um conto, uma história ou algum roteiro já existente (neste caso adaptando a história), para ser exibida na tv, podendo ser uma novela, seriado, minissérie, etc. E esta história deveria obrigatoriamente se passar em algum estado brasileiro. Cada integrante do grupo ficaria responsável por desenvolver figurinos para um personagem, desenvolvendo mais de um figurino para criar seu universo visual.

  Decidimos então que o nosso grupo faria uma minissérie televisiva construída a partir do conto “O Sorriso de Serapião” de Antonio Calloni. O Conto faz parte do livro “O Sorriso de Serapião e outras Gargalhadas”.

EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA
Rua Argentina, 171 – 1º Andar – São Cristóvão – Rio de Janeiro, Rj
2005
O Sorriso de Serapião – Sinopse

  “'O sorriso de Serapião (e outras gargalhadas)' reúne onze pequenas narrativas nas quais o autor define o seu estilo de escrita e exibe sua habilidade para criar uma série de personagens memoráveis. Na história que dá nome ao livro, Serapião, 'cabeça chata e um sorriso furado pela ausência de dois dentes superiores', vive em uma eterna busca por sua amada Amaralina entre as paredes e os andaimes de uma selva de pedras. Perambulando em meio a lembranças de uma infância miserável e projeções incertas de um futuro, Serapião e seu inseparável 'sorriso em preto e branco, janela para algum lugar vazio e feliz', não encontram meios de fugir de uma patética realidade.”


Processo Criativo

  “O sentido do grotesco é falar/positivar os aspectos naturais da vida, as excreções, a sexualidade, o riso” (Bakhtin)

  O texto é baseado nas relações irreais que Serapião estabelece com o mundo. Sua imaginação, juntamente com a crença nas histórias contadas por sua mãe e nos ensinamentos religiosos de seu pai, o levaram a ver o mundo sempre de uma forma distorcida, criando sua própria realidade e seus próprios ideais de beleza.

  Marília Librandi Rocha, que escreve a introdução do livro, define o teor da obra como “grotesco familiar”, característica que interpretamos como a dualidade entre realidade/sonho, atrelada ao conceito de hiper-realismo que possibilita o real e o fantástico coexistindo.

  Baseado nesses conceitos principais, optamos por buscar referências visuais em movimentos artísticos capazes de oferecer um universo assim, fantástico e real. Encontramos na obra de Henri Rousseau, características que buscávamos representar em “O Sorriso de Serapião”: formas exageradas; a figura humana que se insere na natureza, mas ao mesmo tempo lhe parece estranha; cores e luzes que intensificam essa diferença; o feio e o belo; o grotesco que reside nas relações entre homem e natureza e também nas proporções que fogem dos padrões.

Obras de Henri Rousseau

  Após a definição desse universo imagético geral da minissérie, partimos para a construção da fantasia de Serapião, propriamente dita. A partir de uma idéia do próprio autor, que descreve a primeira visão que Serapião tem de Amaralina como “uma pintura Naif”, começamos a desenvolver o que seriam essas visões. Concluímos que Serapião, em seu universo particular e distorcido, veria o mundo de uma forma muito mais ingênua e romantizada, tal qual o autor sugere: o mundo como uma pintura Naif – o feio perde sua característica grotesca, que passa a representar o mundo real, e se eleva ao status de “simplicidade” trazendo alívio, cor e um sentimento de familiarização com as origens nordestinas das personagens.

Acima: Airon das Neves - Soltando balão
Abaixo esq.: Teles - Tarte Alegre  Abaixo direita: Ernane Cortat - O Violeiro

  A proposta é que sejam feitos recortes, por assim dizer, de animação no estilo Naif, para os momentos em que seja imprescindível que o público compreenda a forma totalmente divergente da realidade que Serapião enxerga os fatos.

Os Croquis

  Cada integrante do grupo ficou responsável por desenvolver o universo visual de um personagem e, após decidirmos quem faria qual (achando dificil pois sempre criamos juntas) pesquisamos separadamente referências imagéticas.

Personagem: Serapião
“Serapião não era nada, mas era feliz.
Trinta anos. Virgem.”

por Larissa Carvalheira


Personagem: Maria (Mãe)
“’Onde é que está a água do meu filho, desgraçado?’ Pensava isso, olhando pro céu, e não chorava pra não enfraquecer. Maria. Gostava das superstições, das estórias, das lendas.”

por Emilia Simon


Personagem: José (Pai)
“Eu rezo, mas não chove, meu filho, é obrigação rezar mais.”

por Gabriela Corrales

Personagem: Amaralina
“Uma criança alada, voando sobre suas cabeças. A criança do vento”
“Uma mulher que não era nada, mas era mulher. Trinta anos. Virgem.”
"- Amaralina?
- Pode ser, meu gato."

por Renata Freitas

Personagem: Toinho – O único desafeto de Serapião
“Toinho era homem vindo de algum norte, com cara e cor de índio. Um e oitenta de altura, e forte como uma besta mítica.”


por Mayara Alencar



8 comentários:

  1. Acho o máximo poder entender o processo criativo de vocês! Vida longa ao PIVO!

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  2. Bacana.. quero ver quando estiver pronto.. Larissa, me avisa quando vcs passarem pro pano? Adoro os trabalhos de vocês.

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  3. Muito bom, meninas! Vocês possuem muito talento. Fico com muita vontade de ver esse projeto concretizado na TV. Vocês poderiam pensar nisso... Foi um prazer dar aula para vocês. Beijos

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  4. Sempre que tenho um tempinho nas tarefas do dia fico aqui amando o PIVO! e adorando o carinho de todos !
    Lara , tu sabe que faz parte do meu talento pelo apoio moral e muitas vezes prático também e Rosane são professores queridos como você, que fazem o nosso talento aflorar a cada dia ! Suas aulas foram essenciais e o PIVO! não estaria no mundo sem tantas informações que recebemos por vocês!
    Durante a realização do projeto não paramos um minuto de pensar 'Ai ai ... isso vai ser lindo na TV.' E tenho certeza que é pelo carinho que cada uma de nós tem na realização dos trabalhos que fazem eles ficarem bonitos pra quem vê e não só pra gente e claro, pro PIVO! .

    Obrigada vocês, beijos!

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  5. Muito interessante o processo criativo, a linguagem visual dos figurinos (embora eu não entenda do assunto) ao ler o contexto, ficou bem clara.
    Muito bom!
    Beijos

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  6. Apesar de tantos anos de carreira sendo citado em inumeros textos, é sempre gratificante a emoção de me ver incerido em um novo;Sou grato por isto.Mas gostaria que meu nome fosse corrijido : "É AIRTON e não airon",ok!
    Ass: Airton Das Neves!

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