O trabalho a seguir, foi apresentado à Professora Mestra Rosane
Muniz para a disciplina de Pós-graduação “Figurinos pra a Tv e Publicidade” no
Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Este é o primeiro de uma série
de trabalhos que produzimos em conjunto e iremos divulgar aqui no “PIVO!”.
A Proposta
Cada grupo deveria escolher um conto, uma história ou algum roteiro já existente (neste caso adaptando a história), para ser exibida na tv, podendo ser uma novela, seriado, minissérie, etc. E esta história deveria obrigatoriamente se passar em algum estado brasileiro. Cada integrante do grupo ficaria responsável por desenvolver figurinos para um personagem, desenvolvendo mais de um figurino para criar seu universo visual.
Cada grupo deveria escolher um conto, uma história ou algum roteiro já existente (neste caso adaptando a história), para ser exibida na tv, podendo ser uma novela, seriado, minissérie, etc. E esta história deveria obrigatoriamente se passar em algum estado brasileiro. Cada integrante do grupo ficaria responsável por desenvolver figurinos para um personagem, desenvolvendo mais de um figurino para criar seu universo visual.
Decidimos então que o nosso grupo faria uma minissérie
televisiva construída a partir do conto “O Sorriso de Serapião” de Antonio
Calloni. O Conto faz parte do livro “O Sorriso de Serapião e outras Gargalhadas”.
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EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA Rua Argentina, 171 – 1º Andar – São Cristóvão – Rio de Janeiro, Rj 2005 |
“'O sorriso de Serapião (e outras gargalhadas)' reúne onze pequenas
narrativas nas quais o autor define o seu estilo de escrita e exibe sua
habilidade para criar uma série de personagens memoráveis. Na história que dá
nome ao livro, Serapião, 'cabeça chata e um sorriso furado pela ausência de
dois dentes superiores', vive em uma eterna busca por sua amada Amaralina entre
as paredes e os andaimes de uma selva de pedras. Perambulando em meio a
lembranças de uma infância miserável e projeções incertas de um futuro,
Serapião e seu inseparável 'sorriso em preto e branco, janela para algum lugar
vazio e feliz', não encontram meios de fugir de uma patética realidade.”
Processo Criativo
“O sentido do grotesco é falar/positivar os aspectos
naturais da vida, as excreções, a sexualidade, o riso” (Bakhtin)
O texto é baseado nas relações irreais que Serapião
estabelece com o mundo. Sua imaginação, juntamente com a crença nas histórias
contadas por sua mãe e nos ensinamentos religiosos de seu pai, o levaram a ver
o mundo sempre de uma forma distorcida, criando sua própria realidade e seus
próprios ideais de beleza.
Marília Librandi Rocha, que escreve a introdução do
livro, define o teor da obra como “grotesco familiar”, característica que
interpretamos como a dualidade entre realidade/sonho, atrelada ao conceito de
hiper-realismo que possibilita o real e o fantástico coexistindo.
Baseado nesses conceitos principais, optamos por buscar
referências visuais em movimentos artísticos capazes de oferecer um universo
assim, fantástico e real. Encontramos na obra de Henri Rousseau,
características que buscávamos representar em “O Sorriso de Serapião”: formas
exageradas; a figura humana que se insere na natureza, mas ao mesmo tempo lhe
parece estranha; cores e luzes que intensificam essa diferença; o feio e o belo;
o grotesco que reside nas relações entre homem e natureza e também nas
proporções que fogem dos padrões.
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Obras de Henri Rousseau |
Após a definição desse universo imagético geral da
minissérie, partimos para a construção da fantasia de Serapião, propriamente
dita. A partir de uma idéia do próprio autor, que descreve a primeira visão que
Serapião tem de Amaralina como “uma pintura Naif”, começamos a desenvolver o
que seriam essas visões. Concluímos que Serapião, em seu universo particular e
distorcido, veria o mundo de uma forma muito mais ingênua e romantizada, tal
qual o autor sugere: o mundo como uma pintura Naif – o feio perde sua característica
grotesca, que passa a representar o mundo real, e se eleva ao status de “simplicidade”
trazendo alívio, cor e um sentimento de familiarização com as origens
nordestinas das personagens.
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Acima: Airon das Neves - Soltando balão Abaixo esq.: Teles - Tarte Alegre Abaixo direita: Ernane Cortat - O Violeiro |
A proposta é que sejam feitos recortes, por assim dizer,
de animação no estilo Naif, para os momentos em que seja imprescindível que o
público compreenda a forma totalmente divergente da realidade que Serapião
enxerga os fatos.
Os Croquis
Cada integrante do grupo ficou responsável por desenvolver o universo visual de um personagem e, após decidirmos quem faria qual (achando dificil pois sempre criamos juntas) pesquisamos separadamente referências imagéticas.
Personagem: Serapião
“Serapião não era nada, mas era feliz.
Trinta anos. Virgem.”
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por Larissa Carvalheira |
Personagem: Maria (Mãe)
“’Onde é que está a água do meu filho, desgraçado?’
Pensava isso, olhando pro céu, e não chorava pra não enfraquecer. Maria.
Gostava das superstições, das estórias, das lendas.”
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por Emilia Simon |
Personagem: José (Pai)
“Eu rezo, mas não chove, meu filho, é obrigação rezar
mais.”
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por Gabriela Corrales |
Personagem: Amaralina
“Uma criança alada, voando sobre suas cabeças. A criança
do vento”
“Uma mulher que não era nada, mas era mulher. Trinta
anos. Virgem.”
"- Amaralina?
- Pode ser, meu gato."
"- Amaralina?
- Pode ser, meu gato."
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por Renata Freitas |
Personagem: Toinho – O único desafeto de Serapião
“Toinho era homem vindo de algum norte, com cara e cor de
índio. Um e oitenta de altura, e forte como uma besta mítica.”
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por Mayara Alencar |
Acho o máximo poder entender o processo criativo de vocês! Vida longa ao PIVO!
ResponderExcluirE fica fácil de entender!!
ResponderExcluirBacana.. quero ver quando estiver pronto.. Larissa, me avisa quando vcs passarem pro pano? Adoro os trabalhos de vocês.
ResponderExcluirsó talento!
ResponderExcluirMuito bom, meninas! Vocês possuem muito talento. Fico com muita vontade de ver esse projeto concretizado na TV. Vocês poderiam pensar nisso... Foi um prazer dar aula para vocês. Beijos
ResponderExcluirSempre que tenho um tempinho nas tarefas do dia fico aqui amando o PIVO! e adorando o carinho de todos !
ResponderExcluirLara , tu sabe que faz parte do meu talento pelo apoio moral e muitas vezes prático também e Rosane são professores queridos como você, que fazem o nosso talento aflorar a cada dia ! Suas aulas foram essenciais e o PIVO! não estaria no mundo sem tantas informações que recebemos por vocês!
Durante a realização do projeto não paramos um minuto de pensar 'Ai ai ... isso vai ser lindo na TV.' E tenho certeza que é pelo carinho que cada uma de nós tem na realização dos trabalhos que fazem eles ficarem bonitos pra quem vê e não só pra gente e claro, pro PIVO! .
Obrigada vocês, beijos!
Muito interessante o processo criativo, a linguagem visual dos figurinos (embora eu não entenda do assunto) ao ler o contexto, ficou bem clara.
ResponderExcluirMuito bom!
Beijos
Apesar de tantos anos de carreira sendo citado em inumeros textos, é sempre gratificante a emoção de me ver incerido em um novo;Sou grato por isto.Mas gostaria que meu nome fosse corrijido : "É AIRTON e não airon",ok!
ResponderExcluirAss: Airton Das Neves!